Quando os invasores chegaram em 1532, não foi difícil apoderar-se do grande império, primeiro pelas armas que tinham e segundo que os povos incaicos estavam debilitados pela guerra civil. Quando acabaram com os 362 anos, que foi o tempo que durou o Império Inca, acabaram também com a QUINUA, ignorando tratar-se de um tesouro sagrado. Era chamada de "Grano Madre" ou "Grano de Oro" e venerada como símbolo religioso.
Todos os anos, quando iniciava a época do plantio, o próprio SAPA INKA (Supremo), com uma ferramenta de ouro maciço, abria simbolicamente o período de plantio da Quinua chamada pelos Incas de "cereal milagroso" ou "mãe dos seres humanos". A Quinua foi um fator muito importante na expansão desse Império composto por doze milhões de habitantes também conhecido como Tahuantinsuyo (quatro pontos cardeais), formado por Aymarás, Quéchuas e outras etnias. Esses agricultores por excelência tiveram o grande mérito de adaptar e desenvolver em um meio geográfico que, à primeira vista, não oferecia as menores condições para a agricultura.
Em primeiro lugar, o relevo montanhoso onde habitava a maior parte da população do império foi aproveitado mediante a construção de inúmeros terraços de cultivo que permitiram utilizar as ladeiras das montanhas andinas. Essas verdadeiras escadas gigantes, erguidas sobre terraplanagens com muros de contenção de pedra, evitavam que as chuvas arrastassem a terra e seus cultivos para o fundo dos vales. Estabeleceram uma relação direta entre o tamanho da população e maior produção de alimentos, com resultado de uma maior disponibilidade de mão de obra para obras hidráulicas que por sua vez repercutia em maior produtividade.
O denominado "controle vertical" em base aos diferentes nichos ecológicos da Cordilheira dos Andes explica a grande gama de produtos agrícolas em zonas muito restritas. Quando conquistavam uma região, implantavam o culto ao Sol e a língua Quechua. Outro elemento foram os caminhos, que configuravam uma rede de mais de 40 mil km. Sem sombra de dúvida, a Quinua exerceu um papel fundamental na expansão desse grande Império, que foi dizimado pelos espanhóis. No início, olhavam com pouco caso, justamente por não brilhar como ouro ou as pedras preciosas. Por essa adoração religiosa e pela extrema resistência e força demonstrada, a Quinua foi substituída por outros alimentos conhecidos pelos conquistadores e os agricultores foram forçados a trabalhar em minas buscando ouro e prata.
Depois de 500 anos do genocídio histórico mais impunemente ocultado atrás da palavra "descobrimento", a QUINUA ressurge como o melhor e mais completo alimento para o ser humano.